Segundo o Ministério Público (MPES), João não aceitava o relacionamento da vítima com a filha dele, que também era adolescente. Marco Pereira Soares, apontado como executor do crime, também é réu no processo, mas o julgamento dele ainda não tem data definida devido a um recurso pendente no Judiciário. Os dois são acusados de crimes de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, além de ocultação de cadáver.
A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), que cuida do sistema penitenciário no Espírito Santo, informou nesta terça-feira (8), que João e Marco - mandante e executor - estão presos no Centro de Detenção Provisória de Colatina.
Detalhes do caso:
05 de dezembro de 2022 - Data em que Wesley dos Santos Maciel, de 15 anos, foi visto pela família pela última vez, quando saiu de casa, no bairro Vicente Soella, em Colatina;
11 de dezembro de 2022 - Corpo em decomposição é encontrado em Ecoporanga;
27 de fevereiro de 2023 - A família do adolescente é comunicada que um exame de DNA feito pela Polícia Científica havia confirmado que o corpo encontrado em dezembro em Ecoporanga era do adolescente Wesley;
26 de abril de 2023 - A Delegacia de Ecoporanga e a Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Colatina comunicaram a prisão de João Luiz Rizzoli - pai da namorada da vítima - e Marco Pereira Soares, contratado por João para sequestrar e matar Wesley;
Segundo as investigações, Marco teria sequestrado o adolescente no bairro Carlos Germano Naumann, em Colatina, e o levado para a zona rural de Ecoporanga, onde consumou o homicídio;
Na decisão de pronúncia - que encaminha os réus para o júri - a Justiça detalha que o crime de homicídio que se atribui aos réus teria motivação passional, pois a vítima, adolescente de 15 anos, teria se envolvido afetivamente com a também adolescente filha do acusado João e a não aprovação deste "romance" teria sido a motivação do crime;
O juiz Ronaldo Domingues de Almeida, acrescenta na decisão de pronúncia, a qual A Gazeta teve acesso, que todo o desenrolar dos fatos, ou seja, "a relação entre os dois adolescentes, a vida cotidiana das duas famílias e o planejamento do crime teriam se dado na cidade de Colatina" e explica que ação penal apenas tramita na comarca de Ecoporanga porque a vítima teria sido assassinada neste município. Dito de outra forma, a vítima teria sido arrebatada em Colatina e trazida para ser assassinada aqui e por esta razão a competência se fixou neste juízo", explica o magistrado;
A decisão de pronúncia relata detalhes da investigação policial que apontaram que os pais da namorada de Wesley transferiram a adolescente de escola e retiraram seu celular para impedir que ela mantivesse contato com o jovem. O aparelho, segundo o documento, ficava sob a posse do pai da garota, João Luiz Rizzoli;
Segundo a decisão judicial, a quebra de sigilo telemático autorizada pela Justiça revelou que, no dia do desaparecimento de Wesley, os telefones de Marco — apontado como sequestrador e executor — e da namorada da vítima utilizaram a mesma ERB (Estação Rádio Base) no bairro Morada do Sol, e depois no bairro Córrego do Ouro, onde a vítima desapareceu e onde mora João, pai da adolescente é acusado de ser o mandante do crime;
Em depoimento à polícia, Marco alegou que ficou em Colatina até mais tarde e seguiu para Vitória, versão que contraria os dados das ERBs, que indicam deslocamento em direção a Ecoporanga. O último sinal do celular de Marco foi captado a cerca de 15 ou 16 quilômetros do local onde o corpo de Wesley foi encontrado;
A decisão da Justiça relata que a mãe da namorada de Wesley, em depoimento prestado em juízo, afirmou que o marido, João Rizzoli, tomou o celular da filha após descobrir o relacionamento com Wesley. Segundo ela, em dezembro, João teria perdido o aparelho e procurado a operadora para bloquear a linha. No entanto, conforme a decisão, a linha continuou sendo usada até o desaparecimento do adolescente. “Esta informação é relevante, pois torna incontroverso que o genitor, dias antes da morte, se encontrava na posse do celular da filha, meio pelo qual ela (menor) se comunicava com a vítima”, destaca a decisão de pronúncia;
A decisão de pronúncia afirma que a investigação apontou que o pai da namorada de Wesley entregou o celular da filha ao executor do crime, que teria se passado por ela para atrair o adolescente a uma emboscada para sequestrá-lo e assassiná-lo. A vítima teria sido levada até a casa da namorada. A análise dos investigadores se baseia em imagens de duas câmeras de segurança instaladas na região onde mora o réu. Em uma delas, Wesley é visto passando; na outra, logo após a residência, ele já não aparece, o que, segundo a decisão, indica que o adolescente foi atraído para o interior da casa;
A decisão de pronúncia detalha que, durante o trajeto de Colatina para Ecoporanga, momento em que a vítima já estaria sequestrada, o executor Marco fez diversas ligações para o mandante do crime a partir de diferentes municípios, como São Domingos do Norte, Águia Branca e Barra de São Francisco. “Já em Ecoporanga, o denunciado Marco permaneceu aproximadamente 1h10min, tempo suficiente para a empreitada criminosa encomendada”, destaca o documento;
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