O receio é que Textor, mantendo o controle do Botafogo, possa tentar desvalorizar artificialmente o clube para recomprá-lo por um preço mais baixo. Uma das estratégias aventadas seria realizar transações com Marinakis — como compra e venda de jogadores — que prejudiquem o desempenho financeiro da SAF.
A Eagle já comunicou a Textor que só está disposta a negociar se ele deixar o poder. O empresário, por sua vez, se recusa a abrir mão do comando e segue tentando forçar a operação de recompra. Após tomar conhecimento da condição, criou uma nova empresa nas Ilhas Cayman, chamada Eagle Football Group, com o objetivo de adquirir o Botafogo, e tem buscado levantar recursos nas últimas semanas.
Nos bastidores, a Eagle não considera a venda para Textor como a melhor alternativa. O cenário ideal, segundo fontes ouvidas pela reportagem, seria negociar com um terceiro interessado. Mas o tempo necessário para articular essa solução — somado ao imbróglio judicial envolvendo a SAF — torna essa saída improvável no curto prazo.
Outra possibilidade considerada pela empresa seria manter o Botafogo em seu portfólio, retirando Textor da operação e estabelecendo um novo entendimento com o clube associativo, sócio minoritário da SAF e detentor de direitos de veto e decisão sobre mudanças de controle. Essa alternativa, no entanto, é vista com ceticismo dentro da própria Eagle, já que o clube associativo permanece alinhado com Textor e não deseja sua saída.
Enquanto isso, Textor adota uma estratégia jurídica para ganhar tempo e preservar o poder. Na quarta-feira, a pedido da SAF — sob sua gestão —, a 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro congelou temporariamente qualquer mudança no controle do Botafogo e manteve o empresário à frente da operação. A decisão foi motivada por empréstimos feitos por ele próprio em nome da Eagle em 2024, e usados agora como fundamento para um processo de execução de dívida de 23 milhões de euros movido pela SAF contra a holding.
O conflito entre Textor e seus sócios, atualmente rompidos, se agravou após o rebaixamento do Lyon para a segunda divisão do Campeonato Francês, determinado pela Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG). Para evitar a queda, a DNCG impôs duas exigências: a saída imediata de Textor do comando da Eagle — que foi cumprida — e a injeção de 100 milhões de euros no clube. Todos os acionistas da holding se mobilizaram para levantar o montante, com exceção do americano, o que selou a ruptura definitiva entre as partes.
O cenário atual não gera um impasse operacional imediato, já que a Justiça garante, por ora, a gestão de Textor na SAF. Mas o futuro do Botafogo está travado: de um lado, a Eagle, que não aceita vender enquanto o empresário permanecer no poder; de outro, Textor, que não aceita sair e quer comprar. No meio desse embate, o clube associativo, que não quer abrir mão do dirigente com quem mantém aliança. A disputa sobre o comando do Botafogo continua sem solução à vista.
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