O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou, em publicação nas redes sociais, uma restrição dos vistos de funcionários públicos de fora do país que possam ser responsáveis por 'censura de americanos' nas redes.

Apesar de não ter citado diretamente nenhum nome (mesmo ele falando da América Latina), a medida pode atingir diretamente o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que é acusado de prejudicar americanos atingindo a legislação até mesmo fora do Brasil, como no caso de Elon Musk e da rede social X.

Rubio afirmou na semana passada que o governo americano iria impor alguma sanção contra Moraes, mas não especificou o que seria. A fala foi feita em resposta ao deputado Cory Mills que acusou o Judiciário brasileiro de promover uma 'perseguição política' contra o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração ocorre em meio ao lobby do deputado licenciado, Eduardo Bolsonaro, com políticos aliados norte-americanos. Ele está nos Estados Unidos, onde busca apoio pela anistia aos condenados do 8 de janeiro.

A sanção contra Moraes seria com base na Lei Magnitsky. Nela, há a persmissão de punir qualquer estrangeiro envolvido em violações de direitos humanos ou em caso de algum tipo de corrupção. Essa legislação está em vigor nos Estados Unidos desde 2012.

Na última semana, a ameaça dos Estados Unidos de impor algum tipo de sanção ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, gerou reações do judiciário brasileiro, do governo e também do Congresso. O ministro do STF, Gilmar Mendes, disse, nesta quarta-feira, que "não se pode admitir que agentes estrangeiros cerceiem o exercício da jurisdição doméstica".

Sem citar Moraes nem a ameaça feita pelo do chefe de Departamento de Estado do governo Donald Trump, Marco Rubio, Gilmar Mendes destacou que a experiência brasileira mostrou nos últimos anos "que câmaras de eco e manifestações extremistas corroem os fundamentos republicanos" e que "cabe a cada Estado, mediante aparato institucional próprio, salvaguardar preceitos democráticos".

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que 'a conspiração de Bolsonaro com a extrema-direita dos Estados Unidos é vergonhosa' e que a ameaça de sanção merece repúdio.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, fez uma representação contra Eduardo Bolsonaro e disse esperar uma posição forte do governo.

A bancada petista soltou nota, em que repudia "qualquer tentativa de interferência externa em assuntos internos do país", especialmente quando se trata de decisão judicial para proteger o Estado Democrático de Direito.

Caso tenha ações contra Moraes, os EUA devem entrar especialmente nos pontos de proibição de viagem ao país, congelamento de bens no país e proibição de qualquer empresa se relacionar economicamente com ele.

Itamaraty atua nos bastidores

O Itamaraty atua nos bastidores e avalia a temperatura para abrir um canal de negociação com o governo Trump diante da possibilidade de sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Enquanto o governo brasileiro segue na linha do equilíbrio e buscando o diálogo, a gestão norte-americana apresenta resistência. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ainda não dialogou pessoalmente com o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio. Até março, o diplomata já havia contatado 59 países e ignorava o Brasil.

Nesta terça-feira (27), a embaixada dos Estados Unidos no país reforçou que permanece o que Marco Rubio disse semana passada no Congresso americano, sobre a grande possibilidade de sancionar Moraes. Na prática, as sanções envolvem bloqueio de contas bancárias, cancelamento de cartões de crédito e restrições de entrada no país - e seria um caso inédito no Brasil.

Nos bastidores, há receio de diplomatas de que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, que pediu a abertura do inquérito contra Eduardo Bolsonaro, também se torne alvo do governo Trump.

Uma retaliação do Brasil como forma de reação ao governo Trump é descartada na diplomacia, já que a postura elevaria a tensão e poderia impactar questões comerciais.

A Polícia Federal ainda não recebeu do Supremo a determinação para abertura do inquérito contra Eduardo Bolsonaro - o que deve ocorrer ainda nesta terça. A tendência é que a mesma equipe que apurou a trama golpista e a falsificação do cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro fique com o caso do filho dele.



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