No mês em que é celebrado o Dia dos Namorados, volta à tona uma pergunta recorrente nos consultórios de psicologia: trair pode salvar um relacionamento? Embora pareça contraditório, essa dúvida revela muito sobre os vínculos afetivos contemporâneos e sobre o mal-estar silencioso que permeia muitos relacionamentos estáveis.

“A primeira coisa que a psicologia nos ensina é que a infidelidade é um fenômeno complexo e multifatorial. Pode significar algo muito além de impulso sexual”, pondera a psicóloga Laís Mutuberria, especialista em Neurociência do Comportamento. A seguir, ela compartilha os motivos comuns que levam à infidelidade e explica o que essa atitude pode revelar sobre os relacionamentos. Confira!

Raízes emocionais e socioculturais da infidelidade

Segundo Laís Mutuberria, diversas razões podem levar uma pessoa a trair, muitas das quais estão enraizadas em questões emocionais e na dinâmica do casal. “Os motivos mais frequentes incluem negligência emocional, sensação de invisibilidade, rotina, carência afetiva, ressentimentos acumulados, dificuldade de encarar e comunicar as faltas dentro da relação”, elenca.

Além dos fatores individuais e relacionais, há também influências mais amplas que vêm da própria cultura contemporânea. “Mas há também um pano de fundo mais amplo, de ordem sociocultural: vivemos em uma era de supervalorização do eu, marcada pelo imediatismo, pelo consumo e busca incessante por satisfação pessoal. Nesse contexto, a infidelidade pode ser compreendida como um sintoma de um individualismo crescente — uma tentativa, muitas vezes inconsciente, de resgatar o desejo, reafirmar a própria identidade ou preencher lacunas internas por meio da novidade e da validação externa”, explica a psicóloga.

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